sábado, 20 de outubro de 2012

Brasil Game Show: Um resumo da experiência




Como previamente citado neste post, estive do dia 11 ao dia 14 de Outubro na Brasil Game Show, a maior feira jogos do país, participando do terceiro Game Jam nacional. Durante 2 dias eu e os membros da minha equipe desenvolvemos um jogo de acordo com o tema apresentado na véspera. Foram dois dias de vários problemas, ideias, aprendizado e muito, MUITO trabalho. Tudo o que se espera de um primeiro Jam.

E apesar de não termos levado o prêmio pra casa, foi uma experiência fantástica, tão divertida e recompensadora quanto estressante. Do tipo que me lembra porque escolhi trabalhar com desenvolvimento de jogos.

Mas mesmo com meu sentimento de realização pessoal é impossível negar que o evento foi em vários pontos mal pensado e mal estruturado. Desde a disponibilidade de internet e água até a preparação da equipe de suporte.
Indo na contramão dos anos passados, o terceiro Brasil Game Jam (chamado esse ano de AMD Game Jam devido ao patrocínio) não foi um evento separado da feira, com local reservado para os desenvolvedores trabalharem e descansarem, o local designado para a competição foi um estande transparente bem no coração da feira, o que nos proporcionou uma superexposição desnecessária quando se quer desenvolver algo sério e bem acabado em 48 horas.

Barulho, pessoas curiosas e repórteres inconvenientes (uma equipe de filmagem chegou a invadir o dormitório e acordar um dos grupos) foram apenas alguns dos problemas causados pela má escolha do estande como base para o BGJ.

O tema também não foi fonte de grande inspiração: Convenientemente escolhido pela empresa patrocinadora do Jam, o tema foi o slogan da mais nova campanha publicitária da fabricante de placas de vídeo e processadores: "Sem AMD, tô fora". A parte divertida é que esse tema se tornou irônico em vários momentos do desenvolvimento, especialmente quando uma das máquinas da nossa equipe apresentou tela azul sete vezes. Além disso tivemos alguns outros problemas: Falta de água no filtro do estande, apenas um cabo de rede disponível para cada equipe, falta de informação do suporte técnico (desligaram nossa luz duas vezes durante a noite) e falta de respeito da AMD pelo evento (disponibilizaram nossos computadores para equipes de e-sports no ultimo dia, tumultuando o estande).

what. the. fuck.
Eu culpo a Globo, mas ao contrário das dezenas de universitários esquerdistas estereotipados de classe média alta nas redes sociais, afirmo isso com razão. Aparentemente o intuito original era fazer um "reality game jam" que seria filmado e mostrado domingo no Fantástico, porém a emissora cancelou de ultima hora.

Resumindo: Ficamos a mercê da organização mal preparada da AMD.

Tendo desabafado a profunda irritação que acumulei nos dois dias do Jam, vamos ao que realmente importa: O por quê de ter sido absolutamente incrível, apesar de tudo.

Há muito misticismo no processo de desenvolvimento de um jogo. "É muito difícil, é chato, demora demais, é complicado, não dá pra fazer do nada", são algumas das desculpas esfarrapadas que ouço diariamente de colegas desanimados na faculdade. E todas elas são verdades.
Mas acima de tudo criar um jogo é possível. E o AMD Brasil Game Jam foi um forte lembrete disso.
Passar por todas as fases do desenvolvimento, desde a concepção criativa até os testes finais em 48 horas lutando pra se manter acordado é um preço baixo a se pagar pra ver algo que você criou do zero funcionando e criando sorrisos.

Nosso fã mirim
No último dia do Brasil Game Show a entrada para o estande do Jam esteve liberada para o público, que pode testar e votar no melhor jogo. Foi o dia mais cansativo e satisfatório do evento, centenas de pessoas rindo, jogando e lotando o lugar das 11h as 17h.
Alguns dos momentos mais memoráveis, entre tantos outros, foram: Carl, um dos evangelistas da Unity (que não coincidentemente encontrei na Unite 12) gargalhando ao jogar nosso jogo, um garoto de 4 anos jogando absorto, uma jogadora cuja empolgação foi gratificante (Obrigado Lucy), visitantes pedindo pra jogar mais uma vez, e a surpreendente recepção fantástica do público em geral.


Não ganhamos, mas nossa longa jornada se pagou na diversão de cada pessoa que pode jogar a versão fnal do game.
Então, sem mais delongas, eu vos apresento: AMD Resolution Boy!








Trata-se de um jogo no estilo arcade em que você controla Resolution Boy, um computador triste por não ter uma resolução boa que parte em uma jornada para coletar placas da AMD para melhorar seu hardware. Impulsionado por coolers o jogador voa pelo cenário desviando de placas genéricas e coletando placas da AMD. A medida que ele coleta as placas certas a resolução da tela melhora e o jogador ganha mais pontos. Há um ranking no final do jogo.

Para jogar clique aqui.

E é claro, houve todo o resto da feira.
Além de vagar por entre os estandes vazios da Sony, Microsoft, Nintendo e companhia durante a madrugada, pude jogar durante o dia God of War: Ascension, Injustice: Gods Among Us, When Vikings Attack!, The Unfinished Swan e mais uma leva de jogos ainda por sair. Só não consegui jogar o Wii U, cujo tamanho da fila já beirava a insanidade às 9h da manhã.

Também tive a oportunidade de conversar com desenvolvedores incríveis, entre eles o grande Gilliard Lopes, produtor da série FIFA e membro do PodQuest, e Ebbios, artista e designer do surpreendente Futuron. Ambos pessoas incríveis de opinião solida sobre o mercado de jogos brasileiro.


ERMAHGERD BATMAN!!!

E por fim, porém não menos importante, houve o estande do Omnium, projeto paralelo em que tenho participado como programador. Desenvolvido na UDK, o Omnium é um FPS com elementos de RPG situado num universo cyberpunk em 3100. É um projeto comercial com previsão de lançamento para o ano que vem.
E como esperado houve bastante movimento no estande do jogo, com diversas reuniões e propostas (algumas meio exageradas, como um cara que quis trabalhar de graça). É um projeto muito interessante, aguardem mais posts sobre ele no futuro.

Fazendo o balanço geral da feira eu diria que o resultado foi deveras positivo, com algumas ressalvas e observações para a próxima vez. Espero ter a oportunidade de participar novamente do BGJ, mas espero também que a estrutura seja mais bem pensada, pois o desafio é criar um jogo em 48 horas e não criar um jogo em 48 horas em condições instáveis. Se não pelo Game Jam, voltarei pela feira, que foi de fato muito boa.


2 comentários:

  1. Fantástico. "Meus" meninos ganharam muito mais que o prêmio! Desculpe ligar várias vezes em horários nada a ver, de dia, tarde e madrugada, mas é como eu fico!!! Confesso que cai um cisco no olho quando leio ou escuto de vocês relatos tão apaixonados - tanto quanto os que eu tinha na idade de vocês e, felizmente, consigo manter vivo a cada dia. E só consigo manter isso vivo porque me reabasteço em vocês! Vamos marcar, eu e Mol, um almoço no Baby Beef para comemorar! All free por nosss conta, ok? Só não vale ficar 48h sem comer e quebrar a nossa bicicleta!!! Abs, Nery

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